Para muitos brasileiros, a inteligência artificial ganhou formato quando o ChatGPT abriu portas para que pessoas em geral tivessem acesso à tecnologia num simples clique, seja no computador ou no celular. Mesmo assim, sabemos que há uma limitação no acesso, porque só tem essa oportunidade quem tem internet, celular ou computador. E pasmem, a IA existe desde 1940, segundo o próprio ChatGPT.
Mas, voltando a limitação de acesso à tecnologia, esse é um dos pontos que preocupam especialistas. Isso porque, o uso da inteligência artificial vai acirrar ainda mais a desigualdade social, já que previsões indicam que manterão seus empregos aqueles que sabem usar a tecnologia. Quem não sabe vai perder o emprego, e o mais agravante é, não vai encontrar outra oportunidade, porque na verdade é sua ocupação que pode deixar de existir. Não é a sua vaga, é a sua profissão que corre o risco de desaparecer. E, quem não tem acesso e/ou oportunidade de aprender com a tecnologia, vai viver num mundo paralelo com menos oportunidades profissionais.
Para quem tem o privilégio de atuar numa agência de comunicação onde 80% dos clientes atendidos são do mercado de tecnologia, foi extremamente curioso ler “Inteligência Artificial – Como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos”, escrito por Kai-Fu Lee e publicado pela Globolivros. E toda essa discussão acima é apenas uma pequena parte do que o autor traz entre as realidades que nos apresenta. O livro foi escrito em 2019, mas lido pelo #SingTeam na mesma semana em que a China abalava os mercados anunciando a chegada do DeepSeek, e parecia que tudo o que estava sendo lido se encaixava totalmente no que estava acontecendo.
Kai-Fu Lee nasceu na China, morou e se formou nos Estados Unidos, começou sua carreira entre os estadunidenses e se consolidou sendo presidente do Google China, na China. E é isso que faz o livro ser interessantíssimo: é a vez de aprendermos a visão da China do que está acontecendo. Quais são os verdadeiros interesses dos chineses quando eles dizem “copiar” algo para o chinês? Enquanto você pensa que eles estão apenas fazendo uma cópia barata de algo, eles estão sim fazendo uma cópia barata de algo porque como já estão copiando, já sabem como fazer algo investindo menos e consequentemente, ganhando mais dinheiro. Enquanto americanos querem ser pioneiros, disruptivos, os chineses só querem ser ricos. E, estão avançando bem rápido nesse propósito.
Abaixo alguns trechos do livro, sinopse da obra e um breve perfil do autor:
“Minha esperança é de que este livro lance luz sobre como chegamos até aqui e inspire novas conversas para onde vamos a partir de onde estamos.”
“Inteligência artificial é a elucidação do processo de aprendizagem humana, a quantificação do processo de pensamento humano, a explicação do comportamento humano e a compreensão do que torna a inteligência possível. É o último passo dos homens para se entenderem e espero participar dessa nova, mas promissora ciência.”
“Acredito que esta seja a real ameaça representada pela inteligência artificial: a tremenda desordem social e o colapso político decorrentes do desemprego generalizado e do aumento da desigualdade.”
“Com base nas tendências atuais de avanço e de adoção da tecnologia, prevejo que, dentro de quinze anos, a inteligência artificial tecnicamente poderá substituir entre 40% e 50% dos empregos nos Estados Unidos.”
“A principal motivação dos empreendedores do mercado chinês não é a fama, a glória ou a mudança do mundo. Essas coisas são benefícios ótimos, mas o grande prêmio é ficar rico, não importa como.”
“As ondas: as duas primeiras ondas – IA da internet e dos negócios – já estão ao nosso redor, remodelando nossos mundos digital e financeiro de maneiras que mal conseguimos registrar. A IA de percepção está agora digitalizando o mundo físico; a IA autônoma virá por último, mas terá um impacto mais profundo. Todas essas quatro ondas se alimentam de diferentes tipos de dados.”
“O Vale do Silício pode ser o campeão mundial de inovação de software, mas Shenzhen leva essa coroa para o hardware. Nos últimos cinco anos, essa jovem metrópole industrial na costa sul da China se transformou no ecossistema mais vibrante do mundo para a construção de hardware inteligente”
“À medida que mais pessoas forem substituídas pelas máquinas, serão forçadas a responder a uma pergunta muito mais profunda em uma era de máquinas inteligentes, o que significa ser humano?”
Sinopse: Kai-Fu Lee já foi presidente da Google China e é considerado um dos maiores especialistas em inovação tecnológica no mundo. Em Inteligência artificial, ele explica tanto para leitores leigos quanto para aqueles que já dominam o assunto, como o desenvolvimento sem precedentes da IA já está alterando as nossas vidas e expõe quais são as mudanças que podemos esperar nos próximos anos. Apesar de muitos especialistas afirmarem que a IA irá acabar com muitas das profissões que existem, o autor argumenta que, assim como outras grandes revoluções ocorridas na história, a IA apenas mudará a forma como trabalhamos. As máquinas, aplicativos e softwares tornarão as jornadas de trabalho menores e aumentarão a geração de renda, fazendo com que as pessoas tenham cada vez mais tempo para se dedicarem ao lazer e a atividades ligadas às artes e ao entretenimento. De forma emocionante, Kai-Fu Lee conta como o diagnóstico de um câncer em estágio avançado fez com que ele repensasse sua relação com o trabalho, seu legado e os próprios rumos da inteligência artificial, se perguntando sobre como a tecnologia poderia ser utilizada para resolver alguns dos maiores problemas que assolam a sociedade neste início de milênio, como a miséria, a desigualdade e a dificuldade de acesso à educação.
Sobre o autor: Kai-Fu Lee é o presidente e CEO da Sinovation Ventures (www.sinovationventures.com/) e presidente do Instituto de Inteligência Artificial da Sinovation Ventures. A Sinovation Ventures, que administra fundos de investimento de US$ 3 bilhões, é uma empresa líder de capital de risco focada no desenvolvimento da próxima geração de empresas chinesas de alta tecnologia. Antes de fundar a Sinovation em 2009, Dr. Lee foi presidente do Google China. Anteriormente, ocupou cargos executivos na Microsoft, SGI e Apple. Dr. Lee obteve seu bacharelado em Ciência da Computação pela Universidade de Columbia, doutorado pela Universidade Carnegie Mellon, bem como doutorados honorários tanto da Carnegie Mellon quanto da Universidade da Cidade de Hong Kong. Ele é membro do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), foi listado no Time 100 em 2013, é um dos 25 Ícones da WIRED e Líder Empresarial Asiático de 2018 pela Asia House, além de ser seguido por mais de 50 milhões de pessoas nas redes sociais. No campo da inteligência artificial, Dr. Lee desenvolveu um dos primeiros programas de jogos a derrotar um campeão mundial (1988, Othello), bem como o primeiro sistema mundial de reconhecimento de fala contínua, independente do locutor e com vocabulário extenso. Dr. Lee fundou o Microsoft Research China, que foi nomeado como o laboratório de pesquisa mais promissor pela MIT Technology Review. Mais tarde renomeado como Microsoft Research Asia, este instituto treinou a grande maioria dos líderes de IA na China, incluindo CTOs ou chefes de IA no Baidu, Tencent, Alibaba, Lenovo, Huawei e Haier. Enquanto esteve na Apple, Dr. Lee liderou projetos de IA em fala e linguagem natural, que foram destaque no programa "Good Morning America" da ABC Television e na primeira página do Wall Street Journal. Ele é autor de 10 patentes nos EUA e mais de 100 artigos em revistas e conferências. Ao todo, Dr. Lee tem mais de 30 anos de experiência em pesquisa, desenvolvimento e investimento em inteligência artificial. Seu livro, best-seller do New York Times e do Wall Street Journal, "AI Superpowers" (aisuperpowers.com), discute a co-liderança EUA-China na era da IA, bem como os maiores impactos sociais trazidos pela revolução tecnológica da IA.
“Inteligência Artificial – Como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos”, escrito por Kai-Fu Lee e publicado pela Globo Livros, tem 290 páginas e está à venda nas plataformas de e-commerce e livrarias de todo o Brasil.
Janaína Leme
18/02/2025