Para humanizar as empresas precisamos de humanos que queiram ser desburocratizados

Ler sobre humanizar as empresas é algo bem interessante! Ver exemplos que deram e seguem dando certo ajudam você a se inspirar para um mundo menos burocrático. Ter uma visão empreendedora sempre é recomendado, isso para que as situações sejam resolvidas com rapidez e não com a morosidade de todo o processo burocrático de grandes organizações. Mas, já vou começar refletindo: catorze anos em uma agência, sendo dez deles em cargo de gestão, e você tem muita bagagem para analisar que nem todo mundo está preparado para ser desburocratizado. 

Você convida a todos para colaborarem com as novas metodologias da agência. A percepção de alguns é: somos desorganizados e não conseguimos ajustar as coisas entre os gestores; você pensa no futuro das equipes e já apresenta a divisão das tarefas com agilidade e antecedência para que possam se preparar. Os envolvidos entram em crise de ansiedade por já estarem preocupados com o que pode vir a acontecer quando efetivamente a nova tarefa começar a acontecer. Isso porque o meu exemplo é algo que se resume a um universo de cerca de 20 pessoas. Fico imaginando o desafio que é desburocratizar empresas com milhares de colaboradores. 

Tudo isso para falar sobre “Humanocracia – Criando organizações tão incríveis quanto as pessoas que as formam”, escrito por Gary Hamel e Michele Zanini, publicado pela Alta Books e leitura do Clube do Livro da Sing em parceria com a Tag Livros. 

É claro que ler sobre o assunto é estimulante! Um dos exemplos que o livro traz é da companhia aérea americana Southwest, conhecida não por seu modelo de negócios, mas seu modelo de pessoal. Tem mais de 58 mil funcionários, em média 400 mil passageiros voam por dia com a Southwest, atua em aeroportos de baixo custo e de segunda linha e voa apenas com um modelo de aeronave, o Boeing 737, sem assentos marcados. Dedicação, devoção e lealdade são as marcas da companhia. Não é possível ganhar dinheiro com os aviões parados no chão, então, todos os colaboradores, sempre farão o possível para estarem voando e assim garantirem seus lucros. 

Por que trouxe esse exemplo? Porque já voei de Southwest e quando cheguei no aeroporto e vi a quantidade de gente amontoada esperando para voar, pensei: nunca que vou embarcar em tempo. E deu tudo certo. Fila organizada, sentei onde eu quis (na janela), tudo no seu tempo e em um dos voos que atrasou pelo mau tempo, os funcionários do guichê realmente falavam com as pessoas que aguardavam por ali próximo ao embarque todo o tempo. Agora, o próprio livro traz que quase todas as empresas têm uma declaração de missão, mas a maioria não tem funcionários que acreditam que estão cumprindo uma. E a Southwest está cumprindo isso por mais de 50 anos.  

Entre os exemplos citados para dar certo estão a comunicação aberta, dados transparentes, colaboradores sentirem-se seguros para serem eles mesmos, ter autodeterminação, haver responsabilidade entre os colegas, respeito mútuo, noção de família, e aí vai caber a cada um de nós avaliar se queremos ser os responsáveis por nossas próprias rédeas ou se preferimos que alguém assuma o nosso controle. A segunda opção dá menos trabalho para quem está sendo controlado, porque a responsabilidade estará sob quem controla, mas se você quer que a sua voz se faça ouvida precisa assumir as responsabilidades disso e sim, isso dá trabalho. Organizar suas tarefas sozinho todo dia é um sonho para muitos, mas se você organizar suas prioridades de forma equivocada, a responsabilidade será só sua e o que percebemos é que nem todo mundo quer ser responsabilizado pelo próprio equívoco, o que, querendo ou não, faz com que as burocracias continuem existindo. 

Enfim, o livro tem muitos outros exemplos de empresas gringas que conseguiram se desburocratizar e traz algumas sugestões de exercícios para pelo menos você ter um rumo de por onde tentar começar. Vai dar trabalho? Com certeza sim, porque a partir do momento que a cortina da burocracia cair, acredito que parte da equipe não se sentirá mais à vontade para continuar e novas pessoas vão chegar já com uma nova visão da sua empresa, mas por outro lado, não podemos desistir de tentar um mundo melhor no mercado de trabalho por conta da burocratização dos próprios colaboradores. É claro que há situações que envolvem leis e isso é mais complexo para se pensar em mudança a curto prazo, mas não podemos fazer disso um embate para novas oportunidades de humanizar as relações, em especial, as de trabalho. 

“Pesquisas mostram que nossas avaliações geralmente dizem mais sobre nós do que sobre aqueles que estamos avaliando. Mais uma vez, esse fenômeno tem seu próprio nome – viés idiossincrático do avaliador.” 

“Há uma razão para os economistas serem obcecados pelo crescimento da produtividade. Quando ele estagna, o mesmo ocorre com os padrões de vida. A frustração econômica resultante abre portas para o populismo, o protecionismo e a divisão social. É por isso que George Osborne, ex-chanceler do Tesouro da Grã-Bretanha descreveu a retomada de crescimento da produtividade como ‘o desafio de nosso tempo’.” 

“Alguns acreditam que ferramentas colaborativas como Slack, Yammer e Microsoft Teams, logo transformarão nossas organizações em redes em vez de hierarquias. Quem precisa de gestores quando as equipes podem coordenar perfeitamente seus próprios esforços? No entanto, embora aplicativos de mensagens e softwares colaborativos facilitem a sincronização dos funcionários, essas tecnologias pouco fizeram para reduzir camadas de gerenciamento.” 

 

Sinopse: A maioria das organizações, sobrecarregadas pela burocracia, são, infelizmente, letárgicas e receosas. Na era das reviravoltas, estruturas de poder top-down e sistemas de gerenciamento sufocados por regras representam uma desvantagem. Eles aniquilam a criatividade e reprimem a iniciativa. Como líderes, funcionários, investidores e cidadãos, merecemos algo melhor. Precisamos de organizações que sejam corajosas, arrojadas e tão ágeis quanto as próprias mudanças. Por isso, este livro. Se você finalmente perdeu a paciência com as besteiras burocráticas, se deseja construir uma organização que seja capaz de transcender a mudança, se está comprometido a oferecer a cada membro da sua equipe uma chance de aprender, crescer e contribuir, então este livro é para você. Em Humanocracia, Gary Hamel e Michele Zanini trazem uma discussão entusiasmada e fundamentada em dados que defende a erradicação da burocracia e sua substituição por algo melhor. Lançando mão de mais de uma década de pesquisa e cheio de exemplos práticos, Humanocracia traz um plano detalhado para a criação de organizações que sejam tão inspiradas e engenhosas quanto os seres humanos que as formam. Os principais blocos de desenvolvimento incluem: 

  • Motivação: Convocar seus colegas ao desafio de acabar com a burocracia
  • Modelos: Potencializar a experiência de organizações que tenham desafiado o status quo burocrático de forma lucrativa
  • Mindsets: Livrar-se da mentalidade da era industrial que atrapalha o progresso
  • Mobilização: Estimular uma coalizão pró-mudança para transformar sistemas e processos de gerenciamento obsoletos
  • Migração: Incorporar os princípios da humanocracia ― pensamento de dono, mercados, meritocracia, comunidade, abertura, experimentação e paradoxo ― ao DNA da sua empresa. 

Sobre os autores: Gary Hamel é professor visitante de estratégia e empreendedorismo da London Business School. Autor de vinte artigos para a Harvard Business Review e cinco livros com a Harvard Business Review Press, incluindo The Future of Management (2007), eleito o livro de negócios do ano pela Amazon. O Wall Street Journal classificou Hamel como o guru de gestão mais influente do mundo, e o Financial Times o intitulou como um revolucionário em gestão sem igual. Ele é palestrante nas conferências de maior prestígio do mundo e membro da Strategic Management Society. 

Michele Zanini é cofundador do Management Lab. Ao lado de Gary Hamel, ele ajuda instituições com perspectivas visionárias a se tornarem locais de trabalho mais resilientes, inovadores e envolventes. Conduziu uma pesquisa pioneira sobre como terroristas e outros grupos insurgentes aproveitavam as tecnologias da era da informação para atuar com mais agilidade. Seu trabalho foi publicado na Harvard Business Review, no Financial Times e no Wall Street Journal. 

Humanocracia – Criando organizações tão incríveis quanto as pessoas que as formam, publicado pela AltaBooks, tem 352 páginas e está à venda nas livrarias de todo o Brasil e nas plataformas de e-commerce. A leitura foi fruto da parceria da Sing Comunicação com a Tag Livros para o Clube de Leitura da Sing. Quer seu livro lido por um time de comunicadores? Fale com a gente em gestores@singcomunica.com.br. 

Janaína Leme 

 12/12/2024


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