SXSW 2023: Já ouviu falar em intimidade artificial?

 

Esse foi o enfoque da apresentação da psicoterapeuta, especialista em relacionamentos e autora, Esther Perel em sua apresentação no #SXSW. Ela tem estudado a conexão entre saúde mental, relacionamentos e tecnologia e trouxe análises e questionamentos que provocam a reflexão. Resumi alguns pontos da sua linha de raciocínio: 

- Pesquisas apontam aumento da ansiedade e depressão entre as jovens mulheres devido ao tempo em excesso nas redes sociais. 

- Aceitamos a distração como algo normal. Nas últimas décadas essas situações em que as pessoas ‘supostamente’ estão umas com as outras, mas não estão efetivamente presentes, se tornaram usuais. Isso é a intimidade artificial. São situações que vemos nas redes sociais ou em uma mesa de restaurante onde cada pessoa está focada em seu celular e não nos que estão à sua volta. 

- A intimidade artificial está cheia de conexões interrompidas que se tornaram normalizadas e socialmente aceitáveis. E está associada a um sentimento particular que é chamado de perda ambígua. 

- Para exemplificar, Esther menciona a experiência do namoro moderno, por meio de aplicativos que nos dão um grande leque de opções. Toda vez que conseguimos um match, o cérebro é inundado pela dopamina, sentimos adrenalina e começamos a flertar. 

- Evitamos a intimidade por um impacto direto do surgimento da intimidade artificial. No vai e volta do flerte, sentimos alegria, nos acalmamos, depois ficamos com raiva, chateados, rejeitados, confusos, desesperados. E podemos passar por esse mesmo ciclo com 20 pessoas diferentes antes de chegarmos ao primeiro encontro real com alguém. Aí, ao chegarmos ao primeiro encontro, parece que nos tornamos incapazes de tolerar quaisquer incertezas, porque estamos em busca da perfeição. 

- Esther quer mostrar como a intimidade é essencial para a nossa sobrevivência. A intimidade, segundo ela, é um redemoinho de emoções contraditórias. É ódio e amor, atração e repulsão, excitação e tédio. Isso é chamado de ambivalência relacional, que experimentamos quando estamos presos em uma situação sem respostas fáceis e precisamos manter ambas as partes do dilema. Isso é o que acontece principalmente no consultório de um terapeuta. 

- A Inteligência Artificial nem sempre sabe o que fazer com os dilemas morais. A IA pode fornecer análises sobre o que é simples, mas não possui crenças pessoais. Ao tentar reduzir questões complexas aos “zeros e uns” da linguagem computacional, nos tornamos mais preto e branco em nosso pensamento e especialmente na maneira como abordamos os relacionamentos. 

- Nosso foco atual em leveza, livre de grandes obstáculos e pequenos desconfortos, está tornando muitas de nossas vidas mais fáceis, mas essa tentativa de remover a dor, a inconveniência e o desconforto está nos deixando despreparadospara a bagunça, os solavancos, os cheiros, as cáries, as inconveniências cotidianas de viver próximo a outro ser humano. 

- Quando éramos pequenos, antes mesmo de pronunciar a primeira palavra, dominamos linguagem do corpo. Conhecíamos a linguagem da intimidade, do toque, do cheiro, que é a nossa ciência da memória. 

- Faça contato visual. Experimente, fale, não esqueça que você está vivo! 

Eu amo tecnologia e toda a evolução que traz, mas acredito que a reflexão da Esther faz muito sentido. 

E você? 

#SXSW#AI#intimidadeartificial 

Por Vânia Gracio 

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